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Whatever Lola Wants

Tentando sobreviver à vida no geral, e à humanidade em particular.

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Os portugueses e a meteorologia

O que se segue vem na sequência do post anterior, onde se culpa a deusa Deméter, e não a humanidade, pelas alterações climáticas. É um bocadinho pagão, podem saltá-lo.

A reflexão que se segue, verão, é muito mais mundana, e começa com uma simples pergunta:

Qual é a cena entre os portugueses e a meteorologia? 

Vamos por partes: como é que um português quebra o gelo com um desconhecido? Fala do tempo. Como é que um português muda de tópico numa conversa? Fala do tempo. Doem as cruzes? É mudança de tempo. Tem o pingo ao nariz? Ai, este tempo...

O clima há-de as pagar sempre.

Não sei se é por haver ainda uma influência muito grande da agricultura no nosso país. Falo por mim, que cresci numa aldeia, onde o meu avô devorava o Borda d'Água para saber as previsões de chuvas e ventos por causa das sementeiras. Já para não falar de ver as notícias das 20h religiosamente, até passarem as previsões metereológicas para o dia seguinte e, na noite de passagem de ano ver para que lado soprava o vento porque, ao que parece, dependendo da direção em que sopre pode indicar se vai ser um ano seco, ventoso ou chuvoso. Porque, na altura, a chuva era realmente muito importante.

Depois, há aquela previsão sempre certeira, que é a da avó: "doem-me muito os joanetes, deve vir suão". "Dói-me muito o pé que parti, vem lá chuva" - e não é que vem mesmo?  

Hoje estamos mais evoluídos, e basicamente consumimos as aplicações do tempo para anteciparmos o que vestir e onde ir tirar fotos para publicar no Instagram. Já não se coloca a questão do fazer chuva ou sol ser benéfico ou não para as batatas: queremos é bastante sol e calor para vestirmos o biquini e ir para a praia. Vêm dois dias de calor, mesmo que seja um calor diabólico e contranatura num mês em que não seria suposto, e já estamos no verão, compramos calções de praia, andamos de chinelos de enfiar o dedo e t-shirt na rua, vamos buscar os primos de França ao aeroporto. Claro que, depois deste pequeno doce, queremos mais, e quando o clima regulariza e temos chuva em Abril - imagine-se que o "Abril, águas mil" afinal é um mês naturalmente chuvoso, que coisa absurda! - há uma pequena revolta social, porque afinal temos de ir bucar o casaco que já tínhamos embrulhado num baú com naftalina. 

CONTUDO, quando a temperatura sobe aos 40ºC, aqui d'el rey, que eu sou uma pequena flor delicada que não tolera este calor insuportável. 

Nunca estamos bem, pois não? 

Será que reclamamos do tempo, porque o tempo não reclama connosco de volta, e está na nossa natureza, pura e simplesmente, encanzinar com alguma coisa?

Com esta me vou.

Um kiss e um cheese.