Na minha mesinha de cabeceira jaz um livro vermelho
...e de bolinha vermelha também.
Quando decidi comprar este pequeno livro, confesso que já estava um bocado massacrada com 8h de trabalho em cima, só queria comprar chocolates e ir para casa, mas este menino estava em promoção. Achei que aprender insultos novos seria a cereja no topo do bolo, convencida de que iria aprender algum que pudesse usar no meu dia-a-dia sem que as pessoas soubessem que eu as estava a insultar. Oh, como eu me enganei: nada do que vem neste livrinho é subtil. Devorei-o nessa mesma noite, sentindo um rubor a crescer nas minhas faces a cada página que lia. Sim, porque eu na realidade sou uma pessoa muito cândida e inocente. Talvez seja até melhor baixar a luminosidade do vosso dispositivo, não vá o brilho da minha auréola cegar-vos por wi-fi.
É dividido em cinco capítulos, e a sua estrutura lembra uma espécie de enciclopédia. Só que uma enciclopédia que reúne em 143 páginas as expressões e impropérios mais javardos da língua portuguesa. E digo-vos uma coisa: a nossa língua - a língua de Camões; a língua que Vénus "com pouca corrupção crê que é latina"; a língua onde o Romantismo e a poesia assentam que nem uma luva - a nossa língua é capaz de fazer corar o Diabo.
Na realidade, acho que isto é maravilhoso, que deve servir de inspiração a muitos, e de abre olhos a outros tantos. A língua portuguesa não se resume ao campo semântico de mar, saudade e tristeza. O popular nem sempre é castiço e fofinho. E só para vos provar isso mesmo, partilho aqui alguma sabedoria popular que aprendi ao ler este livro.
Agora pensem.
Um kiss e um cheese.